Tuesday, May 29, 2007

John Steinbeck

Tinhas razao, o “Cannery Row” e absolutamente delicioso. Comprei-o na Borders este sabado, li-o de ponta a ponta e ainda me apetece mais. Nao consegui trazer o Don Quixote e tenho pena. Fica para julho.

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Estequeometrias

Ao ver-lhe os olhos a transbordar de lagrimas finalmente percebi que andamos todos atras do mesmo, que andamos todos a fugir do mesmo, que a vida e tao complicada e tao simples, feita de misturas quase equimolares de ausencias e presencas, de aliancas e de traicoes.

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Monday, May 21, 2007

The namesake

Ja nao me lembro muito bem como e que o Gogol disse a Maxine para se portar bem (no touching, no kissing, no holding hands?) quando chegassem a casa onde ele cresceu nos suburbios de Nova Iorque. Claro que ela fez tudo mal e espetou um beijo no Ashoke e na Ashima, quebrando a tradicao super conservadora das familias indianas.
No domingo fui almocar ao unico restaurante da zona que serve comida do sul da India. Vegetariano ja se ve. Comi dosa e supliquei por Ras Malai...nao havia. O restaurante estava completamente a abarrotar, cheio de casais, familias e dezenas de miudos pequenos. Na realidade nao vi ninguem a sequer fazer uma festa no braco, ou a apertar carinhosamente o ombro. Mas a ver pela prole, a falta de PDA (public display of affection) so deve fazer bem a outra PDA, em que o "P" quer dizer "private". Antes assim.

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Wednesday, May 16, 2007

The morning after

De repente, sim, de repente dei-me conta que os anos estao a passar, contei-os e assustei-me. Acordei hoje a pensar nisso. Nao os vejo nos pes de galinha nem no sem numero de sinais fisicos de decadencia - um amigo diria “degenerescencia” mas acho mal usar essa expressao que me soa demasiado seria para descrever o estado geral de um corpo atarrachado a um cerebro intacto. Saltei da cama e pensei, dormi demais hoje, estas coisas de introspeccao atacam-me sempre que durmo bem, uma especie de traicao cortical, um paradoxo irritante que so uns neuronios de maus figados conseguiriam congeminar com a unica e exclusiva intensao de me deixar de mau humor para o resto do dia. Nao fosse ter um dia cheio de outras coisas para ocupar os circuitos…e ainda agora estaria deprimida. De momento acho tudo isto muito engracado e volto ao estado normal de espectadora das minhas parvoices matinais. Vem-me a memoria um filme tonto que vi uma vez com o Ben Affleck…e apetece-me ter uma maquina que assassine especificamente os neuronios responsaveis pelos assaltos a minha tranquilidade.
Hoje vou para a cama cedo e pretendo acordar cedo tambem. No Ipod ja esta engatada a musica dos Skank sobre a impossibilidade de encontrar estrelas do mar no mato…quase tao impossivel como esquecer alguem de quem se gosta. E de quem temos muitas saudades.

Holothuroidea

No outro dia perguntaram-me, em resposta ao meu habitual “I eat everything” muito terceiro-mundista, se gosto de “sea cucumbers”, pepinos do mar, que sao uns equinodermes cilindricos, uns primos obesos (e sem a charmosa simetria radial) dos ouricos e das estrelas do mar. “I don’t know, never tried” (mas ja comi ourico do mar “uni” em sushi e bem me custou). Estavamos num restaurante chines de luxo e achei por bem moderar os meus acessos de arrogancia gastronomica. E que eu acho que a minha dieta mediterranica que incluiu (e inclui, agora mais espacadamente e exposta unica e exclusivamente aos Tugas residentes na peninsula-south bay) pezinhos, orelha, figado, coracao, tripa, bochechas, moelas, etc e tal, faz com que eu ache que as minhas hipoteses de sobrevivencia em caso de tragedia natural ou guerra nuclear sejam francamente mais elevadas que o comum dos mortais que me rodeiam. Mais uma ilusao…

Wednesday, May 09, 2007

Hunan Garden

Ia avisada que o almoco nao era inocente e que me poderia esperar uma mistura de interrogatorio e explicacoes, ou seja, uma caldeirada de palavras proferidas e esperadas. Afinal a caldeirada nao foi tao desconcertante assim e deu para perceber que andamos todos (sem excepcao) a engordar macaquitos de estimacao nas diferentes partes do “sotao”.
Estava deslumbrante, “uniforme” de trabalho, nao duvido, um conjunto saia-casaco-corpete cinza metalico e sandalias de verniz vermelho. Eu destoava, vinha directa da empresa no meu uniforme pratico, apenas o cinto giro que comprei num saldo monumental me classificava de sofrivel, em vez de mediocre. Os homens nao tiravam os olhos dela, as mulheres, invejosas, tambem nao. A conversa fluiu como se houvesse entre nos uma intimidade de anos. De perto percebi-lhe a testa alta, a perfeicao da pele, o riso franco, o a-vontade com que puxou finalmente o assunto, a clareza do discurso maduro e nada sofrido. Agora percebo tudo. Eu sei que e parvoice mas vim embora a pensar que tinha ali comecado uma excelente amizade ...

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Tuesday, May 08, 2007

Das Leben der Anderen

Afinal a Bebel Gilberto nao veio ao Bimbo’s. Ligaram-me no sabado a avisar que o concerto tinha sido adiado e que me voltariam a contactar a informar da nova data…ligaram ontem, impressionante. Vou (vamos todos) ter de esperar ate ao dia 18 de Junho.
Ontem para me esquecer que deveria estar em SF a ouvi-la, fui ao cinema ver “The lives of others” e, nao fosse a tagarelisse da minha companhia, teria mais uma vez ficado colada a cadeira a ver os creditos passar, a prolongar a experiencia ate ao ultimo milisegundo. Dizer que gostei e pouco…por isso nao vou dizer nada.