Thursday, November 29, 2007

Nao...

Decidi que nao vou postar a receita do pudim de diospiros...afinal um dos meus sonhos (profissionais, nao cientificos) e ter um boteco, um hole in the wall cheio de coisas doces feitas por mim. Depois vinham ca ter as senhoras e as meninas todas que nao sabem o que fazer com os ditos...que horror. As royalties do pudim de diospiros irao para a Karen, obviamente. Assim uma especie de licensing fee que se paga aos inventores de coisas. Sim, claro, ate na cozinha ha IP portfolios...oh se ha.

Vemo-nos no boteco...

...pudim de diospiros, warm lava cake, tarte de maca merengada, tarte de laranja, torta de limao, bolo de cenoura, shortcake de framboesas, coriander flan, amaretto cookies...

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Tuesday, November 27, 2007

Diospiros

Hoje fui demasiado zelosa da dieta de acucar a que voluntariamente me submeti (duhhh) durante esta epoca de festa e recusei repetir o divinal pudim de diospiros que a Karen trouxe para eu provar. Agora que ainda preciso de forcas para ler e comentar mais um artigo, e em casa nem um pedaco de chocolate, nem um resto de gelado, nem uma simples bolachinha doce, sonho acordada com o pudim.
A boa noticia e que ela partilha a receita. Pergunto-me se os diospiros sao os mesmos que crescem na arvore do quintal la de casa (os da variedade Hachiya). Foi dificil habituar-me a ideia de comprar diospiros Fuyu, que nao precisam de se estarem a desfazer de maduros para serem comestiveis. Nao sei porque mas da-me um gozo danado ferrar os dentes num diospiro desses e ficar a mastigar ruidosamente a polpa firme, como se de uma maca cor de laranja se tratasse.
Fica prometida a receita...espero que se possa fazer com os diospiros pelos quais os meus pais e a passarada da zona se batem com uma ferocidade desmedida.
Curiosidades, receitas e mais coisas aqui e aqui.

Boa noite!

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A menina da radio

Quando mudei para a shoebox deixei de ver televisao. Recebo agora as noticias de tragedias na California (incendios e afins) pelo gang la de casa que comeca essas conversas com um “a California esta a arder” como se a California toda coubesse no meu quintal. O resto das noticias desta terreola e do resto do mundo vou sabendo pelos colegas, pela cnn, pelo BBC world news, pelos podcasts da NPR e pelos jornais online portugueses que ainda se deixam ler de graca e sem necessidade de bisbilhotar os nossos dados pessoais com a desculpa do registo. E ha a Radio Comercial Portuguesa de San Jose. Mas esta dedica-se a tocar musica de gosto duvidoso, anunciar obitos, jantares dancantes e ofertas de senhoras que tomam conta de criancas e de idosos (ao mesmo tempo?). E depois ha o terco, em diferido da radio Renascenca e a publicidade a casa Furtado, ao Sousa’s e a meia duzia de outros negocios geridos por Portugueses que falam Ingles com sotaque de Sao Miguel. A voz e alma da KSQQ e a Helia Severino. A Helia tem uma voz bonita, um nadinha "stiff" mas a diccao e correcta...so lhe acho piada aos "do'leres". Tem tambem uma cara simpatica, franca. Deve ser boa pessoa. Espero que goste do que faz...qualquer dia mando para la um anuncio, afinal pertenco a comunidade. Uma coisa engracada, que a faca rir, que lhe sacuda o peito em gargalhadas abafadas...pedirei que seja lido entre a necrologia e o terco. So para desanuviar.

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Monday, November 26, 2007

Richard said...

"No matter what you start with it ends up being so much less"*.

Minha querida, contrariamente ao comentario que eu adivinho que farias, nao acho nada deprimente. Nadinha mesmo. Desde quando ser realista equivale a lugar cativo na fila de distribuicao da fluoxetina? Please.

* "The hours"

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Caminhos cruzados

Esta frio. A Leninha dizia “faz frio” e nos, pela milesima vez, ainda esperancadas de a ver deixar Coimbra sem usar o francesismo, gritavamos em unissono “esta frio”. Raramente falo ou penso Coimbra. Esqueci-me (minto) de Albany e quanto ao que esteve entre Coimbra e Albany – Oeiras - sou quase indiferente. Ou mais ou menos. O apartamento entre a estacao dos comboios e o Pingo Doce la em cima, as noitadas a estudar na sala com a Carla, a televisao sempre estragada, a alcatifa que eu queimei, o stress do desempenho, a sensacao de que a qualquer momento o engano ia ser desfeito. Parece que foi ha tanto tempo. E foi. Precisamente 11 anos. Brrrr.
Enfim, “esta frio”, sabe bem estar em casa, ter o aquecimento ligado e beber chazinhos pretenciosos (os recentes favoritos sao African Autumn da Harney & Sons e Organic Hojicha green tea da Mighty Leaf) por chavenas brancas “made in china”. Tenho de comprar um daqueles bules de ferro japoneses, negros, pesadissimos, de textura rugosa e canecas sem asa e convidar a Nobuko para vir beber cha a serio. A mao direita a rodear a caneca desasada, as pontas dos dedos da mao esquerda a tocar levemente a base, a fingir uma necessidade desnecessaria de usar as duas maos, um resquicio de delicadeza de geisha. Podiamos ate pintar uns labios vermelho-cereja sob um fundo de cal viva. E rir sorrisos amarelos, envergonhados pela alvura da pele. Branco, branquinho, neve acabadinha de cair…cristais que se “apanham” com folhas de cartolina preta. Tao lindo…pois e, eu bem digo que minto. Descaradamente.

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Thursday, November 22, 2007

Happy Thanksgiving

Love the smell of cookies baking in the oven, the warmth that spreads throughout the shoebox, the sense of belonging. There wasn't any of that this year...but I can't forget how good it feels. Can't forget.

I give thanks for being alive, for having friends that give me a home away from home, that feed me, cry me, laugh me, love me.

Happy thanksgiving!

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Saturday, November 17, 2007

Cafe com broa

O mais dificil e estar longe de todos os que partilham pedacos do genoma comigo. De nao poder fazer nada, dizer nada ou quase nada. Eu sei que era uma especie de cronica de uma morte anunciada sem assassinato. A culpa e dos genes, da epigenetica, do ambiente...mas nada me convence que a decepcao, o sofrimento em silencio, a escuridao interior, e o drama de ter um coracao arrefecido para todos que nao ele contribuiu para iniciar a depressao, os nos, as placas. O desfecho foi hoje.

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Thursday, November 15, 2007

Musica no coracao...nao...musica no cerebro...

No outro dia, a caminho entre o posto dos correios e a empresa, ouvi na NPR uma das mais interessantes entrevistas dos ultimos tempos: um senhor chamado Oliver Sacks, neurologista e escritor, falava sobre o impacto na musica nas funcoes cognitivas...mais especificamente, na influencia terapeutica da musica nao so em patologias neurodegenerativas como a doenca e Parkinson e Alzheimer mas tambem no autismo, que eu saiba, uma doenca ainda sem culpado(s) bem definidos. Com uma clareza quase infantil ia-me contando, num sotaque deliciosamente britanico, como a musica que "funciona" para que um doente de Parkinson inicie movimento voluntario tem de ser estruturada ritmicamente e nao necessariamente conhecida ou amada. Ja no caso de pacientes de Alzheimer, tera de haver uma componente de reconhecimento e gosto...
Fascinante. E se o senhor doutor "fala bem", escreve ainda melhor. Escreve sobre as diferencas na percepcao da musica entre os bichos que compoe esta nossa tribo, acontecimentos traumaticos que alteram profundamente a nossa reaccao visceral/emocional a determinadas musicas, o tamanho do cerebro dos musicos versus os matematicos, o facto das criancinhas (primatas humanos) terem uma percepcao precoce de ritmo e som completamente ausente nas crias de primatas nao humanos...

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