As 6.30 da tarde, mais coisa menos minuto, junto a um cruzamento cheio de movimento onde invariavelmente espero pela mudanca do semaforo, passa sempre um vulto vestido de preto que caminha com o jornal aberto a tapar a cara. Sera talvez uma mulher. Magra. As calcas largas, com fitas que ondulam com o movimento, a gabardine curta com capuz, tudo preto. Nunca mas nunca lhe vi a cara, o jornal sempre em frente. Ja deve estar habituada aos obstaculos do passeio, a textura das poucas pessoas que esperam na paragem do 22, as caixas de jornais, o caixote do lixo. Caminha a passos largos, fluidos. Ja me apeteceu estacionar o carro junto ao restaurante vietnamita da esquina e segui-la. Ver onde vai, como gere os imprevistos de alguem uma cadeira de rodas, um cao na trela, sei la, ver se olha para tras.
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