Networking

Nao resisto a comentar o meu sabado. 80% perda de tempo.

Fui a Berkeley a um encontro de portugueses; eles eram estudantes de doutoramento, postdocs, profissionais, etc etc. Ate parecia que ia ser interessante, o painel de convidados tinha muita "nomeada" e a mim interessava-me ouvir a Leonor Beleza, o Alex Quintanilha, os venture capitalists que estao a investir em Biotec, enfim, a ideia era ouvir a visao que estas pessoas tem para o futuro do nosso pais em termos de ciencia e tecnologia. Mas o painel de convidados sofreu uma reestruturacao de base (ja pareco um politico a falar) e nem Leonor Beleza, nem Alexandre Quintanilha, nem Mariano Gago, nem Fatima Campos Ferreira...nao que eu la fosse por causa desta ultima senhora, mas enfim...

Ja tinha ouvido falar do "choque tecnologico", de supostos acordos com o MIT, a universidade do Texas e Carnegie Mellon. Acho bem que o pais esteja a investir tanto em tecnologias - telecomunicacoes, computadores...la dizia a cancao "o rapaz estuda nos computadores, dizem que e um emprego com saida". Esta visto que e...a minha mae a esta altura do campeonato em que se convenceu que a profissao que escolhi nao e nem sexy nem financeiramente excitante e eu teimo em nao ter o dom de fazer "PR" eficaz (bacoca), deve estar a pensar que eu devia mesmo era ter estudado nos computadores ou nos telemoveis - pois, porque Aveiro e o centro de excelencia na investigacao em telecomunicacoes. Pois...eu ate sabia disso mas para quem aprecia mais uma celula viva que uma celula foto-nano-magneto-digitalo-nao-sei-o-que, tambem nao daria grande engenheira.

La me tentei animar um pouco, falei com alguns dos outros "VIPs" das tecnologias, agora e a nova paixao, e distribui uns cartoes de visita semi-interessados so para dar uma ideia que sim senhor networkei e estou muito contentinha por estar aqui no meio de tantos e tantas cabecas tecnologicamente iluminadas que pensam em codigo binario.

Resultado final (contagem de cartoes de visita): 4 (salvaram-se assim 20% dos potenciais 100%, 5% por cartao).
- o CEO da primeira empresa de biotec em Portugal pareceu-me arrogantezito na talk dele, mais sofrivel em pessoa. Passou-me um bocadinho de manteiga. Dei-lhe um cartao.
- o senhor dos investimentos que apontava para o seu proprio umbigo a ilustrar as tais das celulas estaminais do cordao umbilical era simpatico, quase paternal, apeteceu-me apertar-lhe as bochechas e dar-lhe um abraco. Depois de saber o que fazia, disse-me entristecido "isso era muito dificil de comecar em Portugal". Apreciei o esforco. Dei-lhe um cartao.
- a menina que conhecemos ao inicio e que falava com a seguranca de pessoa informada, a trabalhar numa multinacional e que nos foi dando reality checks quando pareciamos medianamente fascinadas ou levantavamos o sobrolho. Tinha um colar engracado, feito de botoes de madreperola. Dei-lhe um cartao.
- o menino das solucoes informaticas para biotec. Era simpatico, engaging. Dei-lhe um cartao.

Para a proxima tenho de exigir que nos enviem o programa final.

Os homens estavam quase todos de fato. As mulheres estavam quase todas de calcas de ganga ou business-casual. As cientistas mais novas estavam alternative. Eu devia ter ido tambem alternative.

Ja me esquecia, tenho de pagar a multa do estacionamento. Networkei mal com a universidade e custou-me $40.

Gato fedorento

Primeiro ouvi na RFM: "Gato fedorento ao vivo". Depois alguem comentou. Finalmente este Natal vi parte do DVD em casa de um colega. O felino mal cheiroso e hilariante, de tao parvo, tao cromo que e. Tenho um preferido, nao lhe conheco o nome, nem e naco, acho-lhe piada, pronto. A Cat que tem cino anos e a minha compincha no clube de fans do gato. O dela e muito bonito, chama-se Papaia, e muito brincalhao e cheira a limpinho.

Shooting from the hip

Estou cheia de sono – fiz quase uma directa para acabar uma apresentacao aqui na empresa. Eu sou mesmo assim, e tudo a ultima da hora, mas perfeccionista. Nao ha pachorra para me aturar. Falei de RNAi, coisa muito util, semi-nova, gira, cheia de plasmideos com nomes complicados, RNA polimerases de varios estilos, virus sortidos, vantagens e desvantagens…Deu-me uma trabalheira, foi o que foi. Houve direito a grunhidos, humms e hamms, momentos de franca eloquencia e sabichonice, logo seguidos por momentaneos lapsos da razao…enfim, show para todos os gostos, um verdadeiro malabarismo sem bolas nem argolas. Shooting from the hip, como se diz aqui.

O CEO apareceu, esteve um bocadinho bovino foi-se embora mais cedo, assim que a pizza chegou. Mais tarde, no corredor, ainda trocamos dois dedos de conversa sobre o final do dito seminario e os “bottom lines”, os desafios dos “controlos” experimentais em RNAi e os "corporate goals". Ai a minha vida...ja me vejo com o que me vai caber de "corporate goals" em forma de bola de chumbo presa ao meu tornozelo.

O numero do azar

O resultado da amnio finalmente saiu. O 21 esta em triplicado… abracei-a e balbuciei qualquer coisa que ja nao me lembro.
Mas que falta de sorte.

March Gloom

Outro dia gloomy...a agitacao laboral da semana culmina numa sexta feira cheia de suspiros pelos cantos. Nao sei, as vezes apetece-me esbofetear-me, praticar em mim propria os golpes de kickboxing que estupidamente vou dando para o ar...ate nisso ha falta de "purpose".
A minha vizinha de gabinete anda atarefadissima, a correr de um lado para o outro, mantendo, claro esta, o aprumo confiante que desdenho-invejo. Olho para mim e apetece-me "comecar de novo, from scratch". Mas por onde comeco? Pelos pes? Pelos cabelos? Pelos neuronios? Pelos genes?
E que tal um cappuccino polvilhado com um nadinha de cacau?