Finalmente tinha chegado. Chapeu na cabeca, oculos escuros demode, portfolio enorme, caixinha de “ferramentas” na mao. Corri a ajuda-la a carregar tudo. Entramos. Deu-me um abraco (nao nos beijamos), e olhou em volta, olhar conhecedor, aprovador ma non troppo. “You need to have the tree trimmed, you need more light” como se a luz na sala fosse a salvacao duma tristeza inevitavel. “Now, you need to change the shower curtain, it is such a luxury to have a window in the bathroom and you are keeping the light from invading the house”. Outra vez a luz. A bendita luz. Praticamente so ca durmo, e passo algumas horas seguidas no fim de semana…Nao vou andar de tesoura de podar e serra em punho, gosto da luz filtrada. Gosto mesmo.
Preparei o brunch e apercebi-me que me falta um sem numero de “coisas” que me tornam na anfitria de outrora, a tal que prepara ovos com salmao fumado e ervas, tosta english muffins na perfeicao ao mesmo tempo que mantem uma conversa seamless, fluida, em total sincronia com a do visitante. Senti-me triste, quase incapaz, atarantada, que parvoice. Ela notou. Deu-me um abraco apertado e eu devo ter fungado um “thank you, I don’t know what got into me”.
Depois mostrei-lhe a secretaria “Could you print fossils on my desk top?”…e vou ter fosseis sim, muitos "trilobites", alguns de “transicao” (nao, nao vou discutir evolucao, nao, cruzes) mas nao directamente no tampo de madeira, ela decidiu imprimir em papel preto. Vai ser uma especie de collage de fosseis, mal posso esperar pelo momento em que colocarei o vidro grosso a proteger os especimens de outras eras.
E depois? Depois e business as usual, ou seja, life as usual.