A custa de ver 4 filmes iranianos seguidos (entre os quais o “Ten” do post anterior e “The wind will carry us” do mesmo realizador) ganhei um nadinha de ouvido para o persa (aqui chamam-lhe farsi). E uma lingua bonita, nao agride e soa bem em discussoes:
“oro gom sho! tanham bezar! dooset nadaram dige” que quer mais ou menos dizer “Vai-te embora, deixa-me em paz, ja nao te amo.” E ontem, coincidencia ou nao, li um bom pedaco de livro em que o protagonista, um linguista brilhante, tem flashbacks sobre uma gramatica da lingua persa comprada (com dinheiro
inexistente) e logo devolvida. Para 40 anos depois a reaver. A tal gramatica era afinal uma metafora de outra(s) coisa(s)…
O vietnamita, por outro lado, e excessivamente agressivo, irritante – sem vermos as caras dos conversantes, ou a linguagem do corpo, nao se descobre se se estao a insultar ou a dizer docuras inimaginaveis. Costumava pensar o mesmo do mandarim mas agora “I know better” – a elegancia dos sh’s e dos sons que parecem vogais delicadas abertas ou fechadas como as nossas e agora muito mais apreciada. Pois ontem estive rodeada de dezenas de vietnamitas que vieram “acampar” ao meu lado, na praia. Falavam muito, todos ao mesmo tempo, os sons a atrapalharem-se e a ocupar todo o espaco existente, com os seus muitos “o’s” a martelarem-me a cabeca. Resisti algum tempo e depois fugi. A caminho de casa ouvi Bebel e purifiquei os ouvidos. Ahhhh, muito melhor.
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