Ia avisada que o almoco nao era inocente e que me poderia esperar uma mistura de interrogatorio e explicacoes, ou seja, uma caldeirada de palavras proferidas e esperadas. Afinal a caldeirada nao foi tao desconcertante assim e deu para perceber que andamos todos (sem excepcao) a engordar macaquitos de estimacao nas diferentes partes do “sotao”.
Estava deslumbrante, “uniforme” de trabalho, nao duvido, um conjunto saia-casaco-corpete cinza metalico e sandalias de verniz vermelho. Eu destoava, vinha directa da empresa no meu uniforme pratico, apenas o cinto giro que comprei num saldo monumental me classificava de sofrivel, em vez de mediocre. Os homens nao tiravam os olhos dela, as mulheres, invejosas, tambem nao. A conversa fluiu como se houvesse entre nos uma intimidade de anos. De perto percebi-lhe a testa alta, a perfeicao da pele, o riso franco, o a-vontade com que puxou finalmente o assunto, a clareza do discurso maduro e nada sofrido. Agora percebo tudo. Eu sei que e parvoice mas vim embora a pensar que tinha ali comecado uma excelente amizade ...
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