Monday, May 11, 2009

Miami -1

A empanada cubana de queijo e fiambre que me venderam no café junto a porta de embarque 42 do terminal da American Airways era um bocadinho manhosa de aspecto. Era. Confesso. Ponderei deixa-la no prato quando me apercebi que nao era feita de massa folhada e que as bolhinhas estaladicas que adornavam a crosta brilhante revelavam que a dita cuja tinha passado os ultimos minutos mergulhada em oleo a ferver… mas a fome era grande e o sabor salgadinho, bom, vinha mesmo a calhar depois de uma noite em que comi mal e bebi dois shots de vodka para brindar os ultimos meses de “liberdade” da noiva. Vinte minutos, meia hora mais tarde, ja escolhidos os hors d’oeuvre de uma lista imensa que o hotel enviou, discutidas miudezas e detalhes, a nausea. Depois as idas e as vindas, as voltas e as revoltas, a constatacao que ia entrar num aviao de onde so sairia 6 horas depois, entregue aos caprichos da empanada, incapaz de controlar o nervo vago, esse cigano sem eira nem beira, vadio maldito, sem ponta por onde lhe pegar. E a vesicula talvez a entrar na jogada, outra filha-de-uma-cadela que morde pela calada. Entrei. Calada, vagarosa, a olhar para os pes. As testemunhas do meu estado a frente, juntas e protegidas, despediram-se com um sorriso amarelo enquanto que os meus colegas de fila me davam as boas vindas, sorridentes e placidos, ignorantes do que estava para vir. Ar condicionado no maximo. Apanho uma valente constipacao, que se lixe. Respirei fundo e resisti a descolagem, pressao acima do pulso que faz bem a morning sickness das gravidas, ha-de servir para mim, mas ja agora deixa confirmar que o saquinho esta no bolso em frente ao meu assento…

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