A ver se entendo o que o Dr X explicou...a ideia e que ha um ponto de viragem na vida dos humanos. Essa viragem acontece aos 35 anos, mais ano menos ano e e totalmente independente do sexo. Homens, mulheres, ninguem escapa. E o que acontece? Fica-se assim como que impermeavel/insensivel/nao disponivel as coisas novas...os exemplos que ele deu foram 1) musica, 2) comida, 3) body art (tatoos, piercings, brandings, mais o resto que so imagino). Tudo isto porque quando o tal senhor contratou um assistente (novo) Y para o ajudar com a papelada da Universidade, notou que a musica de fundo do cubiculo do Y padecia de uma certa caracteristica: era sempre variada. Dia apos dia, semana apos semana, nunca ouviu a mesma musica duas vezes. E mais, a seleccao musical era do mais ecletico possivel, tanto tocava pimba como rap como jazz. Coisa estranha para o Dr X que andava a ouvir o mesmo CD ha meses e que os tinha favoritos para diferentes tarefas - escrever projectos com Debussy, nas horas para os estudantes outra coisa qualquer e no carro tambem ja nao me lembro (e a idade). Ficou fascinado com a ideia de que deveria haver mais coisas que vem (neste caso, se vao) com a idade. Como tinha tempo (sim, ser prof catedratico tem essa vantagem), resolveu ir ate ao "fundo" da questao e concluiu que quando envelhecemos, nao temos interesse em saber qual e a musica do momento ou comprar CDs diferentes, nao nos decidimos finalmente a experimentar peixe cru e salada de algas e nem pensar em argolar o nariz, ou outra extremidade qualquer. Bem, melhor contextualizar a coisa, o Dr X trabalha em stress, mais propriamente numas moleculas que o nosso corpo produz em situacoes de stress e que por seu lado afectam uma regiao do cerebro importante para a aprendizagem e formacao de memoria. Toda a gente sabe que o stress nao e coisa boa, mas que fosse tao preverso ao ponto de mexer com o nosso cerebro, essa nem lembrava ao diabo. OK, estamos agora "todos" sintonizados. Este "mecanismo" (evolutivo, sem duvida), da "nao mudanca", pode servir para nos proteger dos efeitos nocivos do stress que resulta das situacoes novas. Ou seja, como a partir dos 35 ja nao somos catraios novos, temos de engavetar bem a nossa vidinha senao zas, vem Alzheimer, vem Parkinson, vem a demencia generalizada. Nao sei se acredito nessa...
Bom, seria complicado descrever aqui todos os contornos do estudo (nem o conseguiria, mesmo que quisesse muito) e convenhamos, e sempre dificil homogenizar humanos e os seus comportamentos, po-los todos dentro do mesmo circulo. Mas fiquei a pensar, sera que o que o Dr X fala tambem poderia explicar a minha irritacao/desconforto/bla bla quando dou com um Ipod, ou um leitor de CDs ou o que quer que seja em modo "shuffle"? E que nao suporto mesmo...de certeza que se uma mente mais iluminada, dada as psicologias ou as terapias ouvisse isto, deduziria "haa!, por isso que que es assim, e nao assado, gostas disto e nao daquilo e se calhar a tua infancia nao foi verdadeiramente feliz". Melhor e nao stressar mesmo porque esta em causa a vida de alguns neuronios que me podem fazer falta para actividades bem mais interessantes.
Ja agora, os caes tem uma fascinacao incrivel por insectos voadores. Porque sera?