Chefes...

Hoje soube que a partir de 1 de Janeiro vou ter um chefe novo. Por acaso no outro dia sentei-me ao lado dele num jantar de “Especialistas” que tinham sido convidados para uma brainstorm sobre a direccao da nossa ciencia. E va la, va la, ate simpatizei com o senhor, pessoa que eu so conhecia de nome, como consultor. Pareceu-me uma pessoa interessante e interessada, sem ser flashy, do tipo que eu gosto que so falam quando tem alguma coisa importante para dizer…ajudou o facto de ser capaz de dizer o meu nome sem o assassinar. Pois vai-lhe dar jeito porque nao tem alternativa senao comecar a dizer o meu nome muitas vezes. E mais um circulo a fechar-se…volto a ter um chefe. Acabou-se o que era doce, os cochichos, os jantares de sushi, as conversas sobre nao deixar acabar a corda ao relogio biologico, confissoes sobre amores perdidos, o amor alternativo por caes e os carros de mudancas nao automaticas…claro que era sempre eu a iniciar as intimidades e ela sentia-se na obrigacao de dar exemplos proprios. As vezes exaspera-me…as vezes acredito que a exaspere…talvez agora possamos ser as amigas de verdade ca fora que a relacao la dentro nao permitia. Quando estavamos as duas a porta do gabinete, ela sem saber bem o que dizer, esforcando-se por soar convincente, disse-lhe “yet another VP, these guys keep hiring up, we are surrounded by high achievers” que e como quem diz “contratarem pessoal para por as maos na massa, ta quieto” quando me lembrei que ela tambem e VP. Mas e uma VP que poe as maos, os cotovelos, os pes, toda ela se enfia na massa.

I’ve got the brains, you’ve got the looks, let’s make lots of money…

Esta a dar na televisao uma *Coisa* chamada “Beauty and the Geek”; mulheres lindas de morrer emparelhadas com o maior expoente de geek possivel. Nao percebo muito bem como e que o show se desenrola mas as tantas dois casais sao mandados para uma sala onde lhes sao feitas perguntas – quem errar mais perde e vai embora, para o mundo real. Ughhhh…As perguntas sao sobre temas que nem as beldades nem os geeks dominam (temas diferentes, ta visto, ambos os sabem de antemao e tentam ensinar o outro). Entao hoje uma das perguntas para uma das beldades foi: “qual e a capital do Iraque?”…antes de arriscar a resposta, a menina pergunta “can you spell that?” eheheh, whaty???? I-r-a-q. Responde ela “Afghanistan?” e eu rebolo-me a rir, a cadela super excitada a pensar que me veio a energia para brincar. Agora e a vez deles…mas nao e tao risivel…descobri que eu afinal sou quase uma geek. Desta vez o assistente de neurobiologia e a modelo perderam. I think this is a sign.

Ainda o Aborto

Farto-me de perguntar ao meu gang quando e que o referendo sobre o aborto acontece…ninguem sabe, nao esta ainda marcada a data…Assim, enquanto espero no que a auscultacao das massas vai dar, tento ler (nos minutos de tempo “idle” entre as diversas fases de manufactura das “pocoes”) um blog muito a direita a favor do “nao”. E interessante que nestas coisas de blogues, nem sempre se sabe (a partida) o sexo de quem escreve e tambem nem sempre e facil adivinhar a idade, a nao ser que o perfil tenha escarrapachada toda e mais alguma informacao, o que me da sempre um certo nervoso miudinho. Concluindo, no caso dos mais timidos, ou no meu caso, dos mais medrosos, so a medida que se vai lendo alguem, e que se descobrem os tons da pessoa, incluindo se nasceu menino ou menina e quantas rugas tem no rosto. Enfim, voltando a carga, tudo isto para chegar ao busilis da questao, quem la escreve (no blogue do “nao”) parece ter background, idade, cultura, etc, muito diferente, mas tem uma coisa que quase juro os une e que nao e serem todos pelo nao: sao quase todos homens. Which begs the question: serao as mulheres portuguesas menos interessadas nestas questoes que tanto respeito lhes dizem, terao menos tempo, serao mais burras, mais acanhadas, o tal makeup genetico da-lhes para a emotividade, nao compativel com escrita clara e contundente? O meu gene da eloquencia e da assertividade levou com multi mutacoes em cima, o que me proibe de fazer lindos (leia-se claros e contundentes) discursos sobre a questao da despenalizacao do aborto. E honestamente tambem nao procuro perceber as nuances da lei + questoes de semantica para poder opinar com racionalidade. Mas uma coisa eu sei, que isto das mulheres se ficarem nas percentagens dos que “nao sabe/ nao respondeu”, nao ta com nada. E que nao e preciso ser biologo para perceber que apesar de haver DUAS contribuicoes IGUAIS para a criacao da vida, e preciso ser mulher para sentir que as contribuicoes passam a ser muito diferentes na incubacao da vida e na continuacao da vida ca fora. Que as mulheres deixem largamente aos homens a discussao de um assunto que as afecta directamente, ainda que seja num blogue, e muito muito decepcionante.

Wish list

Ontem estive na cidade. O frenesim das compras la estava, ate havia engarrafamentos de pessoas nos passeios. Veio-me uma certa vontade de perguntar a toda aquela gente se ja tinham parado para ver como a cidade estava bonita, como a cor do entardecer descia nos vidros dos arranha-ceus. Nao, nao perguntei claro. Nem agarrei nas maos de quem me acompanhava para lhe “dizer” o quanto gosto da sua companhia…estava tambem interessada nos saldos, nas prendas para a familia, no par de brincos daqueles que sao so um cadeadozinho simples, talvez uma pedrinha pequena no fim e que chegam aos ombros. Sempre gostei de brincos assim e aqui ha-os bem bonitos. Nao sei porque mas sempre que vou a Sao Francisco e saio da autoestrada na 6th street, da-me um apertozinho de emocao aqui em baixo onde o coracao quase se encontra com o estomago. As vezes quase que me vem as lagrimas aos olhos (eu tenho destas coisas) ao ver o recorte do skyline contra o fundo que nao precisa de ser azul para ser bonito. Acho que gostaria de viver na cidade, nao haveria o perigo de me sentir mais sozinha do que aqui, e aprecio o cosmopolismo com zonas verdes e vidas coloridas.

Ha coisas que nao mudam...

O RAV desapareceu, sumiu-se, foi-se.

Mais do mesmo...

Trabalho e mais trabalho, nao lhe consigo ver o fim. Tento convencer-me (e convencer os meus chefes) que poderia fazer melhor se tivesse mais tempo….mas se eu tivesse mais tempo arranjaria mais projectos e nao dedicaria mais tempo ao que ja tenho, esta visto. Ou entao preguicaria pelos cantos…

Ando a tentar ser mais organizada, tento arranjar os tais planos B que nao tenho. Por agora a coisa vai devagarinho, a gatinhar, que isto e uma coisa nova.

Amanha e o "Thanksgiving", nao tenho paciencia...

To plan or not to plan...

As vezes (quase nunca) apetece-me saber exactamente o que vou fazer a seguir…mas na verdade, e tudo sempre feito em cima do joelho, ha hora. As ferias, o trabalho, o jantar. Sofro de “falta de planeamento” cronica, nao ha cura, apenas uns achaques de “sim sim, esta tudo a correr de acordo com o plano” motivados por umas “reality checks” que vem de fora. Nao e que nao pense que talvez tivesse algo a ganhar se fosse um pouco mais organizada, mais preparada ou que ache que as coisas vao sempre correr bem…nada disso. Mas nao tenho planos B nenhuns. Vou esperando que tudo se encaixe porque sim e percorro o meu caminho com uma relativa placidez que irrita solenemente algumas pessoas. Especialmente as que gostam de mim e que acham (algumas com razao) que vivem a vida de um modo diferente. Gostava de pensar que este meu estado meio flutuante pode contribuir para uma vida mais longa e com menos stress. Mas sem controlos negativos e positivos nao ha resultados conclusivos. Tenho de me clonar.

Referendo

Ultimamente, por forca do referendo, o aborto volta a estar na berra. E no berro. Literalmente. Uns pelo sim, outros pelo nao, uns porque sao fascistas, nacionalistas e “etc-istas”, os outros porque sao comunas, ricos ou intelectuais de esquerda. A troca de “cumprimentos” entre os dois grupos de opiniao e mais uma indicacao do pais que temos, onde a critica sai facil, nao substanciada, muitas vezes ignorante, pessoal, mesquinha, quase sempre escusada.

E nestas alturas que eu, que tenho horror a falar em publico do que nao sei, dou gracas por ser mais um cidadao anonimo, dos que nao tem de discutir estas coisas na TV. E que agora, ao inves de ter opiniao “sim” ou “nao” (que ja tive bem firme, ate), tenho uma coleccao de sentimentos, uma compilacao de experiencias que me fazem ficar no "meio da ponte". A perda sempre me entristece...a escolha que e feita a seguir a tal escolha impossivel deixa-me sempre muito agradecida.

Estamos quase a fazer anos, AC. Estava a lembrar-me disto depois de ter lido o teu ultimo post, por olhar para o que éramos e fomos e para aquilo que somos hoje... Acho que não nos reconheço, mas por aqui continuamos e ainda vamos olhando um pelo outro..

Quando vens até cá?(continuo sem saber há quanto tempo foi o ultimo encontro).

Um beijo,

RAV