Wednesday, March 28, 2007

Google me google you google everyone

De repente dou-me conta. E uma praga. Nao sei como nem porque mas…cada vez conheco mais gente que trabalha no Google. O campus e enorme, bonito, moderno. Cheio de amenidades (deixei-nos trabalhar!!)…eu que pensava que a Genentech ou a Amgen eram o maximo dos maximos vou ficando de boca aberta quando ouco mais uma novidade (sobre perks) la de dentro. Fixe mesmo era se eles aumentassem a potencia do WiFi gratis para Mountain View. Escusava de pagar internet…

Cindy, the cow

Tenho uma vaca na sala. Uma vaca que veio do Texas, branca e castanha com umas riscas muito fininhas pretas, quase quase imperceptiveis…nao sao bem riscas, sao mais uns pelitos compridos. E linda. E e exactamente a que eu queria. Ainda nao a consigo pisar e por isso esta enrolada, a um canto, ate o espaco se tornar merecedor da sua beleza tricolor.

BN

Eu tambem sou! Saltou-me logo quando ouvi a descricao.
“Balanced Nerd”. Balanced all around.

Monday, March 12, 2007

"Oh can't you see, you belong to me"

Hoje, ao ouvir pela enesima vez a voz maravilhosa da Rosa Passos a cantar aquelas coisas tristes e bonitas como so ela consegue, googlei “Sentado a beira do caminho” e quase cai da cadeira. Roberto Carlos!!!! Roberto Carlos???? Aquele que cantava o “Cama e Mesa”, a cancaozinha muito X-rated, e que a minha amiga Dani sabia de cor (e cantava tambem, pronuncia brasileira e tudo) “Eu quero ser sua canção, eu quero ser seu tom/ Me esfregar na sua boca, ser o seu batom/ O sabonete que te alisa embaixo do chuveiro/ A toalha que desliza no seu corpo inteiro”. Enfim, a musica e dele mesmo, estou chocada, o meu mundo virou-se de pernas para o ar, faltou-me a rede, should I stay or should I go, urrgghh. Pois, nao e caso para tanto, nestas coisas das versoes corre-se sempre o risco de sofrer decepcoes ou, num spin mais positivo, surpresas. E engracado como sentimos ou lemos emocoes diferentes quando ouvimos uma cancao. O Michael Stipe dos REM dizia a Terry Gross que escreveu o “Losing my religion” inspirado no “Everybreath you take” dos Police, e na mistura de lovely/loving/creepy/obsessive/intensive –ness que a caracteriza. Creepiness? Obsessiveness? Nunca me ocorreu, sentia-a apenas e so como uma declaracao de amor. Mas ouvindo com mais atencao, claro que biased pelas palavras do Michael, sim, parece-me talvez obsessiva, a letra. Mas triste. Desesperada. E declaracoes de amor desesperadas sao sempre pateticas, desajustadas e, por isso mesmo, escusadas.

Lunch chat

Entre dentadas na tosta de galinha e golinhos de iced-tea ia ouvindo a conversa que nem tinha sido comecada por mim - nao tenho intimidade para perguntar sobre a vida (deveras atribulada) dela. "In the last 6 months I went to hell and back at least 20 times. But things are getting better, I started dating this guy, we went steady for 2 months and then he said there was too much stress in my life, that he couldn't deal. We separated for a few weeks and now we are exactly where we were before we split: in bed. I always end up in bed with him". Disse esta ultima frase como se "end up in bed with him" fosse algo capaz de suscitar olhares "de lado". Ca para mim pensei que ha sitios piores para "end up" com um gajo...por ordem crescente de gravidade, prisao, numa relacao sem futuro, num casamento sem amor, num casamento sem amor com filhos.

Sunday, March 11, 2007

The sunday report

Ignorando a carrada de tarefas que devia ter completado hoje, fui castigar o corpo (uma daquelas decisoes de momento) desde as 8 da manha ate as 7 da tarde. O corpo esta perfeitamente e irremediavelmente improprio para consumo, exactamente como eu queria. Boa.

Tuesday, March 06, 2007

Eu blogo, tu blogas, nos blogamos...

Verdade verdadinha e que o que eu tenho para dizer nao interessa muito a ninguem. E nao e so o que eu digo (escrevo) neste espaco. Porque a avaliar pela estatistica cada vez mais “significativa”, nem sempre tenho autoridade para opinar sobre o que me perguntam, ou entao nao tenho absolutamente opiniao nenhuma sobre o assunto em questao…e, confesso, mesmo quando eu devia estar “on the ball”, a coisa nem sempre sai clara, perde-se em excesso de explicacoes, em excesso de palavras. Isso. Ando a experimentar (nem sempre com exito) uma especie de economia de sons que tenham origem nas minhas cordas vocais. Autodidacta no "managing up", finalmente percebo que a mais-valia esta em pequenos detalhes, alguns silencios expectantes. A verdade e que tanto me irritam as respostas-que-sao-perguntas mais ao estilo dos vendedores de timeshare quanto a cena da reflexao de ideias. Detesto, acho muito paternalista. Depois do Akomi mindfulness shit, das cabecadas na parede e nas reality checks, concluo que a capacidade para “simplesmente” continuously update or revise beliefs in light of new evidence e o mais importante do mundo.

Isto vinha a proposito (imagine-se!!) do VMB escrever que quem anda nos blogs tem forcosamente a agenda escondida com a caneta-de-fora (como o gato) de escrever artigos de opiniao, ele esta a referir-se a ~0.1% dos blogueiros que por aqui mantem morada. Eu por mim lia artigos de opiniao escritos por ele e por mais meia duzia de donos de blogues que vou visitando com bastante assiduidade, mas os outros (“nos”) nao fazemos mais que uma coisita que so serve para ser reciclada, quando muito deviamos guardar as nossas tendencias narrativas num daqueles diarios a moda antiga, encadernados a napa barata, com fecho e chavinha, e poupar o resto do cyberespaco as pateticas tentativas de relevancia.

Monday, March 05, 2007

“Proud, emotional and a bit scared”

Garcia, Sosa, Mora, Gaona…sao alguns dos sobrenomes dos soldados da Guarda Nacional que ontem partiram para o Mississipi, para depois seguirem para o Iraque, onde a missao continua supostamente a ser "defender este pais la fora". Ha outros nomes tambem, mais anglo-saxonicos mas cujas vozes tem claramente um timbre African-American. [Infelizmente a demografia da guarda nacional, e mais ainda do exercito, e tristemente “skewed”, deformada pela falta de oportunidades, falta de dinheiro, pelos recruiters insistentes que tem quotas a cumprir.] Hoje entrevistaram so homens. Deixam para tras mulheres, filhos, familia... e silenciam (quase todos) o que lhes vai na alma que nao seja politicamente correcto, o seu free-speech espartilhado pelo codigo de honra militar. Elas entao soltam o coracao e desatam a lingua, muitas regurgitando a propaganda mentirosa e irresponsavel que a administracao insiste em forcar pelas nossas goelas abaixo, outras para darem conta do drama que vivem – e que o meu pragmatismo bacoco tende a esquecer.

“Proud, emotional, a bit scared...”

Saturday, March 03, 2007

Chick flick no seu pior - II

Acabei de empacotar os livros, a papelada do escritorio, os gadgets, cabos de ligacao de tudo a tudo (ou quase tudo), os CDs, os cartoes de visita, os postais, as fotos ainda do tempo em que se mandavam imprimir. A meio tive de mudar a estacao da pandora, porque fiz login e deixei a tocar o que quer que fosse que estava no topo da lista; era "Rosa Passos station" e as vozes suaves, os poemas lindos e sofridos estavam-me a dar uma neura tamanho XXL. De que me vale estar agora a ouvir "Eu nao existo sem voce" ou a Adrianna a pedir que lhe sejam devolvidas as cartas e o retrato ("devolva-me" - esta coisa da Pandora, onde de vez em quando tocam assim umas coisas que nos chegaram antes de outra maneira e nao por um "music genome project" frio e impessoal, e' no minimo spooky). Anyway, agora esta a tocar a "Daniela Mercury station", muito mais n'sync com a actividade em causa.

Confesso, roubei um livro ao S.; retiro o que disse, pedi emprestado in absentia, tenho intensao de o devolver mas algo me diz que talvez faca antes um auto-da-fe com ele. Imagine-se o especime mascarado de biblia: encadernado a napa preta (barata), com uma daquelas fitinhas vermelhas de marcar as paginas e a espessura pintada a tinta dourada "brega" [Este "brega "e a palavra-resquicio dum blog novo (fantastico) que comecei a ler, link para um post delicioso]. O nome do bicho em questao: "The Game - penetrating the secret society of pickup artists" do Neil Strauss, supostamente um "New York Times bestselling author". Desconfio dos New York bestselling authors todos, dos Oprah book club whatever, mas estou curiosa (cientificamente falando, claro) porque quando este livro chegou da Amazon (num caixote enorme, acompanhado de varios livros sobre sexo - coitado do S., acho que este tempo de domestic partnership lhe fez mal a confianca, ainda me lembro do sorriso trocista e mauzinho com que o presenteei, quando, devidamente autorizada, fiz a inspeccao do tal caixote, a ver se havia algo que me enchesse o olho) foi o unico livro que me foi recusado desfolhar. Chateei-me rapidamente dos outros (sem antes gabar mentalmente o bronzeado perfeito dos modelos, a graciosidade das poses, os angulos artisticos, as curvas bonitas) e vi recusado novo smallest peek. "If you read this book, you'll never believe anything a guy tells you, you'll always be standoffish, thinking all guys are jerks...". Gaja que e gaja cut-throat teria logo disparado um "Well, I guess I don't need to read that book then, I already think those things without being in the loop with all the ins and outs of the "game", THERE!". Mas eu ja tenho idade para ter juizo e tento nao dizer estas coisas azedas proprias das gajas jaded sem-sucesso-no-match-dot-com que, sem saberem dos meus desaires amorosos, ainda me usam como conselheira de relacoes. Moi meme. Umas semanas depois, ja eu farta de ouvir risinhos abafados e ver cantos de paginas a serem dobrados (o correspondente em S. aos sublinhados em M.) veio finalmente a bencao porque "there's stuff in here that is actually very helpful". Se e helpful ou nao nao sei porque nunca mais peguei no dito cujo. Agora que finalmente fiz a limpeza das prateleiras da minoria escrita em Portugues de Portugal, do Brasil e de Mocambique e da maioria dos titulos em Ingles (ainda que alguns tenham alma Portuguesa), dei de caras com a biblia de trazer-por-casa. Ocupara o seu lugar no fim da minha lista.

Thursday, March 01, 2007

Amor emprestado

Ia separando e arrumando os livros quando peguei nos "Versos do Capitao"...abri-o ao acaso, com a descontraccao de quem sabe que nao e preciso grande forca da mente-sobre-a-materia para ir parar a uma pagina magica. Li "o insecto" e depois procurei o "se tu me esqueces", um dos favoritos (se e que os pode haver). O S. apareceu e comentou que tinha emprestado o "vinte poemas de amor e uma cancao desesperada" a um fulaninho qualquer da empresa que lho pediu para tirar ideias para os "wedding vows". Apeteceu-me mandar-lhe com o livro na cabeca mas achei que nao era caso para tanto. Gritei-lhe que nao se tiram ideias para coisas dessas de lado nenhum, muito menos de Neruda ou de Vinicius ou de Jobim ou do raio que o parta ("who's Vinicius"? Grrrrr). Ou saem de dentro ou nao saem. Pelo que consta os vows correram menos que bem. E nem foi preciso usar as bonecas de Voodoo para lhe castigar a heresia - o fulaninho espalhou-se ao comprido sozinho. E que meu querido, apesar de ate podermos ser todas umas Matildes, voces nao conseguem quase nunca ser uns Pablos. Ha honrosas excepcoes mas ate essas (desgracadamente) estao cada vez mais caladas. E caso para dizer "terrified, petrified, mortified, stupified by your silence".