Sera desta que eu me converto?

Pois e querido M., parece-me que vamos ter de competir pelas 45g de chocolate negro diario que vou passar a ingerir. Obviamente que nao tirarei partido nenhum da experiencia uma vez que as minhas papilas gustativas nunca se deixaram seduzir por nada que tenha mais de 50% de cacau. Sera como tomar um xarope para a tosse horrivel, ou uma colherada de oleo de figado de bacalhau...um sacrificio so suportavel por acreditar no valor dos neurotransmissores, dos antioxidantes e coisas do genero. Acho que esta na hora de aumentar o meu nivel de serotonina e antes assim do que com a fluoxetina.

Mas e verdade, esta a acontecer mais uma revolucao consumista - dei-me conta, ao adquirir as minhas primeiras quatro tabletes terapeuticas, que ha cholocate negro para todos os gostos e bolsas, de todos os feitios, de todas as proveniencias geograficas, com pequenos aditivos para dar aquele twist de sofisticacao, para puxar o interesse do consumidor. A saber:

New Tree:
Vendem chocolate com personalidade e aroma; cada aroma e obviamente emparelhado com uma palavra magica, tipo: "renew", "rejoice", "vigor", "tranquility", "blush", "pleasure", "cocoon", "forgiveness", "sexy". Com tantas coisas boas para sentir, a dificuldade esta mesmo na escolha. Vou ser sincera, apetecia-me comprar "pleasure", mas como pleasure nao tem nada a ver com o que eu ia sentir ao come-lo (o chocolate), decidi nao ser hiprocrita e tentar "renew". Gosto da palavra, digo-a quase todos os dias por causa das tais celulas e achei que havia compatibilidade. O aroma , tchan tchan, blackcurrant. Ora nem mais. Blackcurrant no champanhe, blackcurrant na tosta, no lava cake, e agora blackcurrant no (iaque!) chocolate negro. Para ja, um "keeper".

Godiva:
Evito comprar porque a marca me lembra (que coisa) os produtos de higiene intima feminina. Mas, mas, atencao, dei de caras com uma tablete de cacau de Sao Tome com "cocoa nibs". Fiquei intrigada com esta modernice dos cocoa nibs no nosso maravilhoso cacau de Sao Tome e pronto, la trouxe o rectangulo. Mas nao gostei por ai alem dos pedacitos crocantes, acho que se calhar estao la para disfarcar a textura menos que perfeita da massa de cacau. Sera?

Droste:
Uma dos meus chocolates de leite preferidos. Aquelas pastilhas deliciosas, claro. Sem aroma, sem nibs, sem "single origin". Somente chocolate negro. Talvez o menos amargo de todos (ainda assim, iaque!) mas parece-me que tem um pouco de lecitina a mais. A lecitina e o que da ao chocolate aquela textura de "parafina". Algo me diz que o verdadeiro apreciador de chocolate negro torcera o nariz a este Droste.

And, last but not least, from our own neck of the woods, ou seja, dos nossos vizinhos:

Scharffen Berger:
Ah, deste comprei uma tablete da coleccao "limitada" 75% cacao Antilles (fino, heim?) que infelizmente nao e "single origin", mas tambem, bem vistas as coisas, para que dar pao de lo a burros? Adiante, la provei a mistura caribenha e gostei. Gostei como so alguem que faz o sacrifico de tragar esta coisa horrorosa de amarga pode gostar. E, claro, ha sempre um certo gosto em apoiar o comercio local, afinal Berkeley e ja ali ao lado.


E pronto, os vencedores ex-eaquo:

Scharffen Berger "cacao Antilles" e NewTree "Renew".

Na proxima ida a loja, vou experimentar qualquer coisa exotica da Vosges que faz "couture cocoas". Tres chic!