Saturday, May 20, 2006

2046


Na altura em que saiu, nao sei porque, nao fui ver. Depois perdi outra oportunidade em Aveiro, no Oita. Acabei por alugar o DVD do Blockbusters que fica no caminho entre-o-trabalho-e-casa. So dois dias? Irra que estes gajos sao sovinas…nao podiam ter comprado duas copias do dito? Entreguei de volta sem ter tido tempo de premir “Play”. Finalmente comprei-o e vi-o em duas prestacoes. Tenho de repetir a dose, desta vez de uma assentada que assim nao tem jeito nenhum.

O Tony Leung…nao e o que eu esperava. O Eduardo Prado Coelho tinha-lhe gabado a figura, a entrega, o “ar”. Eu nao lhe consigo suportar o cantones de aldeao e o facto de nao ser o mesmo Tony Leung de “O amante”. Sinto-me traida, enganada. Afinal e Tony Leung Chiu-Wai e nao o Tony Leung Ka Fai. Eu queria que ele fosse o “Ka Fai”. Mas que treta. Nem os meus colegas chineses souberam desfazer a confusao. Porque a maior parte nao viu o filme, ou se viu achou “seca”, nao sabem quem e Wong Kar-Wai nem querem saber. Alias, e uma coisa interessante, nao sei se pelo meio (professional) em que me movo, se por uma certa e estranha forma de seleccao “natural”, os/as chineses que conheco sao quase que completamente desinteressados de "cultura". Filmes, livros, musica…nada os faz desatar a lingua em deambulacoes de "comos", "porques" e "porque naos". Mas, verdade seja dita, quase ninguem a minha volta e muito dado a livros ou cinema. Eu que me envergonho de nunca ter lido "Lolita" nem "Daisy Miller", sou uma ave rara neste contexto social.

Voltando ao filme…nao percebi bem a historia, o fio condutor – ha supostamente muitas referencias a pessoas e historias do “In the mood for love” que me passam ao lado. Mas tenho de voltar a ver o filme, mas tem mesmo de ser do principio ao fim…para ja fica a sensacao de, como alguem disse “elliptical storytelling”, de emocao desesperada, muitas vezes contida, elegante, de olhos rasgados delineados a khol. Sempre invejei a curva dos olhos chineses, nao ha traco absolutamante nenhum que a imite na perfeicao. E os planos…as cores…os olhares perdidos, paralelos, nada deixado ao acaso, cinematografia fabulosa.

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